Chupa-Ámen #14
Introdução ao agrotuning
Após uma leitura atenta da Bíblia constatei que esta continha uma gravíssima lacuna, que em muito poderá afectar a visão da vida das gerações vindouras.
Como sabemos, Deus criou o Homem e, de seguida, a mulher. Parece que criou também o Mundo e a filha do Néné. É no entanto óbvio que isto de criar o Mundo ainda cansa e leva o seu tempo (7 dias, salvo erro). Como tal, não poderíamos exigir mais de Deus. Fica no entanto a impressão de que este se esqueceu de dizer a Jesus para não negligenciar um dos pilares fulcrais da sociedade: o tractor.
O tractor é, por assim dizer, o pilar da sociedade actual. Primeiro, porque é robusto. Depois, porque é por ele e através dele que tudo se cria. Temos o caso das batatas, das feijocas, do agrião e de outras verduras. Mas, então, como poderia Jesus ter esquecido o tractor, que sempre significara tanto para ele?
Jesus, apesar de simpático, sempre fora um bocado esquisito. Não podemos dizer que alguém que dedica a sua vida aos outros e que se rege por elevados padrões morais, se possa enquadrar nos padrões de normalidade, não é? O 24 Horas afirma mesmo que aquilo das Bodas de Canãa, de transformar água em vinho, não foi milagre, mas sim um ataque de hemorróidas. Parece que ainda demorou o seu tempo a separar a merdoca do que realmente interessava, mas o que interessa é que lá se conseguiu.
Retomando, como eu estava a dizer, Jesus nunca foi aquilo a que podemos chamar de normal. Nunca se deu bem com a ausência física do pai. Não é que ele se desse mal com José, seu padrasto, carpinteiro de ofício, também ele bom moço, mas era sempre um vazio que nele se entranhava e que o consumia por inteiro. E era na leitura que Jesus se refugiava. Jesus gostava muito de ler. Lia muito, quase compulsivamente, embora algo devagar, porque, parecendo que não, as gadelhas ainda atrapalhavam. Foi então, num solarengo dia de Agosto, que Jesus começou a ler o livro que viria a estar na génese do tractorismo: MoiséscGyver, um herói, que graças à sua inverosímil habilidade para conceber engenhos, conseguia sempre arranjar maneira de se safar dos perigos que se lhe afiguravam.
É óbvio que Jesus cedo se viu atraído pela ideia de construir as suas próprias traquitanas. Após algumas excepcionalmente bem sucedidas, como a máquina de barbear e o picador de gelo, questionou-se como seria criar uma máquina baseada nas características da Simara, da perna do Mantorras e do Petit. O resultado foi um veículo robusto, de portentosos pneus, feito de ferro fundido e portadora de uma generosa auto-debulhadora industrial. Estava nascido o tractor.
Jesus gostava muito do tractor. Era o tractor para aqui, o tractor para ali, bem, só visto! Mal acabava os deveres era vê-lo a esgalhar como se não houvesse amanhã. Muita gente censurou Maria, sua mãe, por não lhe ter dado a educação necessária. Porém, a culpa nunca fora sua, pois ela sempre lhe dissera que o Livro do Apocalipse não era adequado para a sua idade.
Mas, os tempos de catraio vão-se depressa embora. O catraio deu lugar a um belo moço e o tractor foi caindo num frio esquecimento.
À medida que Jesus amadureceu, foi-se desligando da sua afinidade tractorista, outrora sempre presente. É no entanto inegável a sua importância para o crescimento do caro Jota, de modo que as razões que se escondem por trás da omissão nas suas pregações do fulcral papel do tractor continuam ainda hoje envoltas em mistério.
Provavelmente nunca o saberemos. De qualquer das formas, o que interessa é que o tractor continua a ser marginalizado. É preciso que o mundo saiba que o tractor existe. Não podemos continuar a ignorar um dos sustentáculos da nossa sociedade! Mostremos como amamos o tractor. Desafio-vos a escreverem nos comentários deste post o que simboliza o tractor para vós, de modo a que todo o mundo possa ver; falem aos vossos amigos dele, mas, acima de tudo, kitem e vivam o tractor!
Comunidade, é altura de lutarmos! Espalhai a Boa-Nova, o agrotuning chegou! Kitai amigos! Porque quem kita reza duas vezes. Porque a humanidade precisa. Porque o tractor merece. Kitai, amigos, kitai!!!!
Amílcar Filhoses // 22.09.2006
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