Chupa-Ámen #6
Destruidor de Mitos - O Milagre de Fátima
Avaria 1 – Há quase 90 anos, Lúcia viu Nossa Senhora de Fátima em cima de uma azinheira. Longe de mim ser especialista em milagres, mas, logo para começar, parece-me que Nossa Senhora aparecer em cima de uma azinheira é pouco credível. Imaginem que eram uma entidade divina e tinha uma infinidade de poderes à vossa disposição (multiplicar pães, curar doentes, dividir oceanos, fazer as estátuas em vossa homenagem chorar sangue ou cera, mandar trovoadas, entre outras coisas porreiras). Pá, subir a uma azinheira é muito pouco divino, parece-me. Eu consigo subir a uma azinheira com relativa facilidade e ser visto. E depois há para aí tanta árvore com um ar mais divinal que uma azinheira. Uma acácia, um pinheiro-de-alepo, uma bétula, por exemplo, e só para citar alguns nomes. Não faz sentido uma divindade como Nossa Senhora subir a azinheiras. É como se o Super-Homem passasse multas de trânsito em vez de derrotar vilões que ameaçam destruir o mundo. Portanto, logo aqui, ficamos a saber que a coerência e excepcionalidade do acontecimento que nos pode tornar santos não são critérios decisivos e profundamente investigados.
Avaria 2 – A irmã Lúcia andava sempre com a mesma roupa. Mas isso também o Einstein andava. E a única coisa que a irmã Lúcia fez foi ver algo que até lhe apareceu à frente. Que eu saiba, a teoria da relatividade não se limitou a aparecer à frente do Einstein e, mesmo assim, ele não teve direito a dia de luto nacional na Alemanha, muito menos se fala na hipótese de canonização do cabeçudo.
Avaria 3 – E, por amor de Deus, que segredos são aqueles? Mais coisa, menos coisa, a Rússia tinha, obrigatoriamente, que se deixar de comunismos e socialismos, e passar mas é a adorar o catolicismo, senão o mundo acabava. Ora bem, vamos supor que sim, que Deus achava mesmo que o comunismo seria o princípio do fim do mundo e que a União Soviética, como porta-estandarte da ideologia, tinha que mudar de política para salvar a humanidade. Então, faz sentido que Deus decidisse avisar o mundo do perigo que corríamos e, para fazê-lo, havia que escolher um sítio específico para tornar público esse aviso. O que eu gostava de saber é em que momento da conversa de Deus com os seus conselheiros é que se decidiu que o sítio ideal para avisar o mundo que o fim poderia estar perto era mesmo a Cova da Iria. Melhor ainda: uma azinheira na Cova da Iria. Realmente, de uma azinheira na Cova da Iria ao Kremlin é um instantinho.
Como se pôde, então, ir constatando, ser santo não exige nada de absolutamente extraordinário, muito menos uma assombrosa imaginação ou um afinadíssimo sentido de coerência. É que, de entre tudo o que se disse sobre a irmã Lúcia, a única coisa que, afinal, bate completamente certo, é credível e irrefutável, é a parte de ter sido uma outra mulher que lhe apareceu para contar segredos. Todos sabemos que faz perfeito sentido uma mulher fazer tudo e mais alguma coisa - neste caso, descer dos céus, ter a chatice de vir à terra -, só para calhandrar com outra.
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